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e, no fim...

  • Foto do escritor: Beatriz Pereira
    Beatriz Pereira
  • 12 de set. de 2022
  • 1 min de leitura

Atualizado: 13 de set. de 2022

No fim, somos sós. És tu, Bea. És tu só. És só tu.


E não vai haver ninguém para nos salvar. A mim de hoje, e a ti de amanhã.

Podes rasgar, espernear e gritar por aqueles que amas não te amarem como esperarias.

Rasgar as declarações vãs do teu talento inútil - serve-te só a ti porque mais ninguém o aproveita (ou não deixas tu que aproveitem).

Espernear, afastando todos os que disseram ser próximos de ti e te iludiram com amo-te’s e cartas de caligrafia bonita.

Gritar todos os palavrões que querias ter coragem de gritar diretamente na cara dos que te magoaram. Gritar com o cuspo, com os salpicos da tua saliva a caírem bruscamente no nariz, lábios e maçãs do rosto. Rancorosas… São as mesmas que tu outrora tanto acarinhaste.

Estás cheia de ódio.

O amor, o amor… A paixão torna-se amargura com o tempo. Tem um prazo de validade curto, o que se há-de fazer? No fim, tens tu de viver sozinha com ela. Mesmo que não queiras, ela força-te, e encosta-te à cama e come-te, fode-te e penetra-te como se não houvesse amanhã.


O pior é que há amanhã, e depois de amanhã, e depois de depois de amanhã. Então, ela come-te, e fode-te, e penetra-te mais uma vez. Cada dia mais forte, e tu cada dia mais imponente.


E que hás-de tu fazer? Que sobra fazeres?



(Imagem: Paul Cezanne, Sorrow (1867))

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