dois mil e vinte e quatro
- Beatriz Pereira
- 7 de jan.
- 2 min de leitura
Dois mil e vinte e quatro foram números. Foi uma boa lufada de ar fresco, face às habituais palavras. Morte. Orgulho. Vómito. Úteros. Casas. Conforto. Chás. Jardins. Marés. Plangência. Erros. E Reconstrução. Este ano foi uma verdadeira obra arquitetónica.
O carpinteiro do bar do topo disse que, uma vez construída uma obra, mesmo que errada, ninguém quer destruir as suas fundações. Assume-se o erro e o chiar irritante, evitando-se pisar aquele canto específico do chão. Se existir uma entidade Divina (quem sabe, Sofia? Talvez!), eu ser uma arquiteta portuguesa este ano não esteve entre as suas opções. Não me poupou Ela aos custos e trabalhos! Obrigou-me a destruir, a lamentar o destroço e a nadar entre as lágrimas.
Em parte, estou-lhe grata por isso. Obrigou-me a aprender a colocar o pavimento como deve ser – temos de colocar tábuas de madeira nos cantos. Na restante fração, irrito-me agora com a atenção e o hábito que ganhei de analisar ao milímetro o chão que piso. Perdi um Eu que adorava o canto que chiava – sentava-se e fazia música com ele. Afogou-se.
No geral, não teria conquistado nada este ano sem aqueles que me fizeram companhia. O Diogo diz que acha fatela agradecer às pessoas que fizeram o nosso ano de forma semipública. Eu discordo. Esvaziaria o ar dos meus pulmões a gritar o quanto amo, admiro e valorizo aqueles que estão ao meu lado. E por isso...
Grito (digitalmente) que tenho a agradecer à Mariana, que tanto me ajudou a iluminar a casa que há um ano deixaram às escuras.
A todos os meus amigos, que me mostram tanto Amor, de tantas formas diferentes – em especial, à Marta, Carolinas, Sofias, Gi, Inêses, Leos, Mia, Margaridas, Afonsos, Catarina, Roberto, Antónios, Bernardo, João, Gui, Constança.
Ao Gonçalo, que me mostrou e me fez sentir tanto, e em tão pouco tempo.
À Ju, que me mostra o que é a calma e o entendimento de uma forma que ninguém mais me conseguiu mostrar até hoje.
Às pessoas a quem, lamentavelmente, acabei por magoar – embora não o leiam, espero que sintam e saibam, no vosso íntimo, que nunca foi essa a minha intenção.
À Jéssica – ela nem desconfia, mas ouvi-la dizer “Bom dia!” foi um incentivo para me levantar muitas manhãs.
E, por fim, àqueles que moram fisicamente comigo, porque é bom saber que o nosso humor é partilhado pelo menos com meia dúzia de pessoas neste mundo.
Ao olhar agora sobre o meu ombro para os números que deixo para trás, sorrio. E não tenho medo de voltar ao Um.
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