sobre nós
Quem somos, de onde viemos e o que fazemos.
E mais umas coisas que nos caracterizam - extra interesses e extra dados biográficos, porque não é isso que nos define.


Como com os talheres ao contrário: garfo na direita, faca na esquerda. Ajeito os óculos a cada quatro minutos, e sorrio ou demasiado muito ou demasiado pouco.
É difícil caracterizarmo-nos quando não podemos dizer simplesmente "adoro bossa-nova e grão". Quem sou eu para além do que gosto? Sou os meus hábitos e vivências, sou as conclusões que retiro daquilo que observo? Sim. Sou isso tudo e a percepção individual que cada um de vocês cria de mim - digam-me, por favor, quem sou.
Acordo muito cedo ou muito tarde. Tenho a pele naturalmente seca, e uns olhos preguiçosos.
Mas vocês não conhecem os meus hábitos e as minhas vivências. Digo-vos, então, que são a coisa mais desorganizada-embora-aparentemente-super-organizada de sempre. Almoço e janto a horas certas, mas leio onze livros em simultâneo; tenho um ambiente de trabalho arrumado, mas demoro vários compassos a conseguir concentrar-me.
No fundo, não sou (ainda) algo fixo - girino incoerente.
Quando me pediam para dizer três ou quatro coisas sobre mim na escola eu nunca sabia o que dizer. Hoje, tenho uns centímetros a mais, mas acontece-me a mesma coisa. José Saramago escreveu: “Há dentro de nós uma coisa que não tem nome e essa coisa é o que somos”. Ora, como procurar coisas que não têm nome é muito difícil, vou-me poupar ao esforço de o fazer. Imaginem tentar encontrar aquela pessoa que acharam muito gira numa festa sem saberem o nome dela, tarefa difícil. Não vos conseguirei dizer nada mais profundo acerca de quem sou, para além do facto de ser desarrumada e cabeça no ar. Assim, falhando colossalmente na tarefa a mim pedida, vou fazer uma lista das coisas de que gosto e de que não gosto e esconder-me atrás da falsa narrativa de que tais coisas vos podem dar a possibilidade de darem uma "olhadela" no meu sótão desengonçado.
Aqui vai: NÃO gosto de estóicos (Ricardo Reis, espero que sejas algemado a alguém para toda a tua vida); de pessoas rudemente honestas; de acordar muito cedo; de matemática e de pessoas demasiado sérias. GOSTO de chocolate; gatinhos; massagens nos pés; de lamber a colher de pau com a massa do bolo; de falar de sentimentos; de escrever e de receber textos feitos para mim, para eu depois me chorar toda a lê-los.
Ah, esqueci-me de uma coisa, gosto da fonética da palavra "girino" e ainda estou a decidir se gosto ou não do facto da maior parte do que penso nadar em incoerências.
