texto de opinião de português
- Beatriz Pereira
- 14 de ago. de 2022
- 2 min de leitura
"Percebeu que tive de dar o formato "argumentativo" ao seu texto muito poético, com ideias pertinentes, mas sem estar organizado de acordo com a estrutura típica do texto de opinião" - escreveu a minha professora de português depois de ler o que escrevi na composição de um teste.
Esforcei-me por cumprir as regras do dito texto de opinião, mas, às vezes, seguir as regras é frustrante. Entre o aborrecimento de uma composição perfeitamente formatada segundo as regras do manual Mensagens 12º, e a pureza de escrever sem parágrafos e expressões pré-aquecidas, quem não escolheria a segunda opção? Se disserem ou pensarem "Eu.", não confio em vocês.
Segue o texto - não completamente pré-aquecido, mas ligeiramente, o suficiente para uma boa avaliação.
"As palavras são muito mais que apenas um conjunto de letras. Carregam em si o poder de despertar emoções, de nos levarem a conhecer novos horizontes e a desmistificar aqueles que já conhecemos.
Palavras são muito mais que só palavras. São "como um cristal", como disse Eugénio de Andrade, mas também são como barro para moldar. São frágeis e exigem cuidado no seu manuseamento, mas moldáveis. Podemos fazer delas tudo o que quisermos. São capazes de ferir os mais fortes dos guerreiros, capazes de reacender as mais débeis cinzas e capazes de expressar as mais extraordinárias ideias.
Há palavras e palavras... Há as que nos são ditas pela boca de um amigo, que nos reconfortam ou alertam. Há as que nos são sussurradas pelos lábios de um amante, que nos beijam e acariciam (dizia Alexandre O'neill que "Há palavras que nos beijam / Como se tivessem boca"). E há ainda as que nos parecem causar uma dor física, "como um punhal / um incêndio (Eugénio de Andrade), que, para maior dos nossos males, não são clamadas pelos nossos maiores inimigos e sim pelos que nos são queridos. Malfadadas palavras, simultaneamente maldição e benção de todos nós.
Palavras são o reflexo, sincero ou não, do amor, ódio, carinho, amizade, enfado, exasperação, que todos sentimos. São o intermediário entre o nosso coração e o mundo exterior. Palavras, palavras... Para os céticos, não vão muito além daquilo que vos escrevi aqui. Para os sonhadores, nunca lhes podemos associar um significado com um fim."
(imagem: "Mensagens 12", manual de português do 12º ano da editora Texto)
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