peça da vida, escrita por uma Sofia existencialista
- Sofia Dias
- 24 de ago. de 2022
- 2 min de leitura
O porquê do "existir" atormenta-me, deixa-me ansiosa, insegura, constipada.
De todos os segredos do mundo, este é o que mais me fascina.
O UNIVERSO com todas as suas estrelinhas, esferas e criaturas "respirantes" parece-me não ter um sentido inerente.
Tenho a certeza, sim, de que a procura de um "sentido criado" para a vida é possível. É tudo o que conseguimos fazer. Atribuir significado. Desencantem-se de magias niilistas. Todas as nossas ações resumem-se a isto - a dar sentido ao teatro da vida.
Enquanto Lisboa couber na minha mão, for minha e de muitos mais;
Enquanto a música ainda me fizer gritar e dançar;
Enquanto gelados existirem;
Enquanto ainda tiver pessoas para beijar, conversar e fazer corar, reciprocamente;
Enquanto decidir fazer declarações de amor em anotações de livros (Marta, estou a falar para ti. Deixa-me anotar-te tudo.)
Enquanto me quiser bordar em alguém (como diz a Mallu);
Enquanto as minhas saias rodarem;
Enquanto puder chamar à minha cama "melhor amiga objeto";
Enquanto sentir que nunca vai ficar frio outra vez, porque está um calor do caraças;
Enquanto sentir que nunca vai estar calor outra vez, porque está um frio do caraças;
Enquanto deixar palavras consumirem o meu ser e o tornarem cego de emoção, desengonçado, tão desengonçado... mas vivo;
Enquanto o meu Coração e o meu Cérebro estiverem sempre à beira do divórcio, mas sempre apaixonados;
Enquanto tentar escrever e reforço o tentar, porque "as palavras proferidas pelo coração não têm língua que as articule, retém-nas um nó na garganta e só nos olhos se podem ler";
Enquanto fizer, vezes sem conta, odes ao Amor;
Enquanto existir POESIA no MUNDO e eu me conseguir maravilhar (e não contentar) com o seu espetáculo, então ele vai ser bonito para mim e a peça da vida, essa, terá sempre sentido, porque fui eu que a escrevi.
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