margaret, baby, if your love isn´t trouble (sobre o amor)
- Sofia Dias
- 4 de jun. de 2023
- 2 min de leitura
Talvez os quadros mais bonitos sejam os de Pollock. Em que as pingas intrépidas escorrem lentamente e formam traços finos, criando a harmonia perfeita do entrelaçar de gotas, que anteriormente se viram separadas. Os cavaletes e os pincéis são descartados. A verdadeira pintura talvez se faça com a tela no chão e com as mãos, sem regras e técnicas, que possam vir a conceber linhas premeditadas. É dar liberdade à tinta, sem que o seu criador se imponha demasiado a ela e fazendo-a escorrer. É deixar à pintura aquilo que ela quer ser.
Talvez o amor mais bonito seja como uma pintura de Pollock. Talvez seja aceitar o inesperado, abraçá-lo e amá-lo. Ele está em sarilhos, talvez até nunca acalme, pois serená-lo era terminar com ele, porque todos os dias são diferentes e todos os dias o amor nasce e morre e nasce e morre e depois…ressuscita sempre dos mais variados formatos e cores.
O amor mais bonito diz: o meu amor pode encontrar outros olhos, afundar-se neles, corrompê-los, ficar-lhes a dever o dinheiro do arrendamento. E eu não me importo. Somos dois abismos, nunca nos realizamos de forma absoluta e não há mal nenhum nisso. Somos cada um um poço, que se aprofunda à sua maneira, que fita o Céu e ele permanece bonito, porque o meu amor dança outras danças, mas sei que, mesmo desengonçado, ele vem e me beija, quer esteja ou não esteja num dia de amor. Sei quando chora, quando faz sem tentar e quando o olhar está ausente. Sei de cor quando o seu coração encolhe e fica do tamanho de uma ervilha. Sei que assim que o pano cai, ele já pode ficar guardado, ele - o seu eu inventado. Sei que o meu amor sente sem pensar e ama com tudo o que tem para amar.
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