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amor de mãe

  • Foto do escritor: Beatriz Pereira
    Beatriz Pereira
  • 10 de mar. de 2024
  • 2 min de leitura

Prendes-te vezes e vezes sem conta a uma dor que não consegues curar, pela sua própria impossibilidade intrínseca de que tal aconteça. Nunca vais poder ser tu a compensar, na relação com a tua mãe, o amor que ela não te deu quando mais precisaste, ou o abandono a que ela te sujeitou. Não é a tua função. Nunca foi. Nunca será.


Nunca senti um amor puro, saudável e verdadeiro. Nunca me senti procurada, muito menos encontrada. E o amor de uma mãe... Sabes, acho que é mais difícil lidar com o amor que existiu e fugiu, do que com aquele que nunca deu sinais de vida. Nunca aprendi o que era amar com ela, mas...


A minha mãe ama-me, claro... Ou não é o que se diz? Todas as mães amam os seus filhos. Amam com um amor de mãe, cuja única razão de não entendermos é não sermos maturos ou velhos o suficiente. E, às vezes, é agressão. Outras, é repulsa. Mas é amor... Ou não é? Não, certamente é. Ela ama-me, e, por isso, quero acreditar que também eu sou capaz de amar!


Mas e se ela nunca o tiver feito? Talvez ela nunca o tenha feito, e eu agora me veja sujeita a qualquer forma de amor que os outros me indiquem que é a sua. Se pode ser agressão, pode ser traição. Se pode ser repulsa, pode ser indiferença. E é amor, porque o amor é único e dependente da exteriorização de cada ser humano. É isso que faz o amor bonito, não é? Digam-me que sim! Digam-me que sou completamente independente do amor que me deram, e que a minha capacidade de amar não está dependente dos outros!


Mas é mentira.


No final, sei que nunca me dirão com certeza o “Sim” que procuro. Eu sei que é tão errado. Penso ser capaz de distinguir o quanto amo do quanto me amaram, ou do quanto me mostraram ser o amor... Mas questiono-me se tal realmente possível. Talvez me limite a dar o amor incondicional do próprio ser humano – aquele que nunca recebi – sem analisar aquele a que tenho direito.


Sei que sou capaz do amor. Mas sou eu capaz de ser amada?


E, talvez, no meio desta deambulação, tenha encontrado a resposta para te compreender: no meu mais íntimo ser, sei que não sou independente e que a minha alma gira e se forma de tudo o que tem à sua volta. No amor, se esse “tudo” tivessem sido amores fortes, com procuras e encontros, e repentinos abandonos, talvez também estivesse no teu lugar.

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