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A esquerda talvez se esteja a tornar a pior inimiga de si própria - reflexões de domingo

  • Foto do escritor: Sofia Dias
    Sofia Dias
  • 9 de mar.
  • 1 min de leitura

Atualizado: 14 de abr.

Há um sintoma numa nova vanguarda de esquerda nocivo e sem sinais de recuo. O chamado ultra-intelectualizar da vida política, dos temas políticos, o hierarquizar de tipos de ativismo. O desejo de controlo por uma narrativa que se quer unívoca e sem outras perspetivas. A necessidade de autoridade sobre o que se escreve é uma sobre-valorização do próprio ego de quem quer travar a luta.


(Eu sou importante, porque escrevo coisas com palavras caras como "hermenêutica" e "substrato social", consigo salvar-te, juro Joca.)


Hierarquizar maneiras de falar do mundo é um tiro na própria testa. Perdeu-se a classe baixa, a classe média-baixa para as mentiras e falcatruas da extrema direita muito também por isto, os ditos esquerdistas não conseguem fazer com que as pessoas se identifiquem com o que dizem, porque tornaram elitistas os próprios ideiais, que tanto pregam pelo desmantelamento das elites burguesas.


A partir do momento em que se considera que um artigo de opinião ou de exposição é mais credível ou útil para o "movimento" do que um poema, um filme ou uma música (que pode nem falar diretamente sobre o assunto), não há "hermenêutica" que nos salve.


Não só temas da filosofia política responderam aos jogos de limitações e de exclusões como, também, acabaram por reforçá-los.


A esquerda talvez se esteja a tornar a pior inimiga de si própria.

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